terça-feira, outubro 04, 2005

Tu

Uma pessoa.
Uma pessoa é um corpo.
Um corpo e uma fisionomia.
Uma pessoa, um corpo, uma identidade.
Uma pessoa é mais um Eu.
Eu pessoa e identidade.
Eu corpo e físico.

Mais uma pessoa junto a tantas outras.
Uma pessoa que junto a tantas outras
faz a diferença.
É mais uma pessoa,
mas com algo a mais.
Algo que a torna uma pessoa única.
Algo que a torna uma pessoa especial.

Na vida,
no decurso da vida,
a quantidade de pessoas que vemos,
com quem falamos e nos relacionamos.
Enfim, tantas pessoas passam,
tão poucas pessoas passam e ficam.
Tantas pessoas e por vezes, tão sós.

Uma pessoa.
Um Eu.
Um Eu a quem chamarei tu.
Tu uma pessoa.
Tu uma pessoa única e especial.
Tu, que por seres o que és,
serás uma pessoa que para sempre ficarás.

Tu, como qualquer outra pessoa.
Tu, tal como eu.
Tu e a tua máscara.
Tu pessoa vs Tu individuo.
Tu pessoa.
Tu que vives o teu dia-a-dia.
Acordas para mais um dia,
pouco motivado e descrente, mas …
mas, consegues manter uma esperança.
A esperança de encontrar a luz no fundo do túnel.
A esperança de um novo e diferente dia.
Acordaste ontem assim.
Acordaste hoje assim.
Mas amanhã não.
Amanhã queres mais.
Amanhã desejas mais.
Amanhã mereces mais.
A força, a vontade de mudança,
esvai-se com a mesma rapidez com que surgiu.
É assim que vives o teu dia-a-dia.
É como se a vida chegasse a um ponto,
em que entrasses num ciclo vicioso.
Sair dele é possível.
Acredita.
Por momentos, tu consegues.
Depois, falta-te a força e …
É como as ondas do mar.
Grandes e fortes e acabam pequenas e insignificantes.
Depois, dás por ti a viver um dia a seguir ao outro.
Talvez, isto seja normal.
Talvez, isto seja comum.
Talvez, tu pessoa sejas mais uma igual a tantas outras.

Tu individuo.
Tu produto da sociedade.
Tu não.
A tua máscara.
A máscara que utilizas para esconderes a pessoa.
A pessoa que és.
A máscara que utilizas para te protegeres das pessoas.
Das pessoas que não te deixam ser quem és.
Não é falsidade.
É apenas uma forma de protecção.
É legítimo, mas …
… já viste que, na maioria do tempo não és tu.
Tu pessoa.
Já viste que enquanto tiveres a máscara,
tiras tempo de vida à pessoa que és.
Não é pelos outros,
é por ti.

É assim que te vejo.
É assim que te conheço.
Conheço o que vejo.
Vejo e admiro.
Admiro aquilo que és e não o que podias ser.
Nesta vida, o importante é o que se é e o que se tem.
Querer ser mais.
Querer ter mais.
Isso é conversa de café.
É conversa para o pessoal dos copos.
Só te tens a ti.
Nesta vida, nada nos pertence.
Temos uma vida que nos é dada
e dão-nos a oportunidade de torná-la feliz.
Tudo depende de ti saber vivê-la.
Depende de ti seres feliz.
Feliz por aquilo que és, nunca esqueças.
Pois só o que somos nos pode fazer sentir bem.
Só o que somos nos dá gozo,
e também prazer.
É preciso reconhecer e aproveitar.

Percebi, há bem pouco tempo,
que morrer não é assim tão mau.
Nascer, crescer, morrer.
É o tempo que se tem para se ser feliz.
Se consegues, morres feliz.
Se não consegues, morres sem saber o que é ser feliz.

Tu pessoa que és muito mais do que aquilo que vejo.
Tu pessoa que és muito mais do que aquilo que conheço.
Tu tens de ser feliz.
Tu, por aquilo que vejo,
tu, por aquilo que conheço,
tens de levantar a cabeça e ser feliz.
Tens tudo para ser feliz.
Mentaliza-te disso que tudo o resto virá por arrastamento.
Acredita.
Acredita e vive.
(Dedicado a MS)

Cristina Cabral